Para pensar

A alienação de que fala Marx é conseqüência do afastamento entre os interesses do trabalhador e aquilo que ele produz. De modo mais amplo, trata-se também do abismo entre o que se aprende apenas para cumprir uma função no sistema de produção e uma formação que realmente ajude o ser humano a exercer suas potencialidades. Você já pensou se a educação, como é praticada a seu redor, procura dar condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro ou se responde apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES COM O ATO EDUCATIVO

Quando se fala ensino-aprendizagem, se expressa um processo, que está intimamente vinculado ao ato de ensinar e ao ato de aprender. De um lado quem ensina, do outro quem aprende. Vários teóricos estudaram e ainda estudam os processos, que caracterizam o ensino-aprendizagem. Escreveram livros e mais livros tentando explicar este fenômeno, sempre procurando descortinar novas teorias e novos caminhos para melhor compreendê-lo.
        Pode-se questionar. O que é ensinar? O que é aprender? Neste contexto não se pretende esgotar tal fenômeno, porém suscitar curiosidades, questionamentos em torno do assunto. Gostaria, todavia de explicitar o pensamento de maneira sintética sobre o tema. Ensinar compreende-se como o processo vivenciado por um professor, aquele que domina com a sua experiência - teórica e prática, uma determinada área do conhecimento e tem toda responsabilidade de motivar e incentivar e incentivar o processo de aprendizagem. Aprender entende-se que é processo pelo qual o indivíduo aprende e apreende um conhecimento ou uma habilidade. Considera-se, ainda, neste processo a base psicológica e biológica, onde  ele assenta-se. O sujeito durante o ciclo vital tem o momento psicológico e biológico, que lhe torna ou faz capaz de condicioná-lo a um determinado nível de aprendizado.
        Os professores devem estar atentos para o processo ensino-aprendizagem colocando-se no seu contexto como um sujeito catalisador da reação do desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Este processo pedagógico, não ocorre isoladamente, contempla dimensões: sócio-políticos, humanas e técnicas, que extrapolam o seu próprio âmbito, uma vez que, não se limita apenas, aquele momento exclusivamente ocorrido em sala de aula, entre professor e aluno. Vai muito além desta relação, alcançando e fazendo presente a ele, a realidade social histórica, concreta e localizada dos sujeitos envolvidos na ação pedagógica,que se pretende realizar.
Os estudiosos da educação costumam separar, como se observa, o professor com suas funções, do aluno, aprendiz, com suas tarefas e obrigações, como se eles fossem distintos ou diferentes e não pertencessem ao mesmo momento pedagógico; todavia se constata na prática, que não existe esta dicotomia, mas sim, uma ação única integrada, holística, onde não há divisas de partes e seguimentos isolados, porém a síntese de um processo ensino aprendizagem globalizante.
        Portanto, o processo ensino aprendizagem diante desta visão aqui exposta, apresenta três dimensões bem nítidas: Social-Política, Humana e Técnica. Cada uma desta dimensão não está compartimentalizada uma da outra, porém numa constante interação, participando do mesmo fenômeno, coexistindo no mesmo momento. A postura docente, o como ensinar, o como o professor relacionar-se pedagogicamente com seus alunos, são nestes comportamentos adotados e transparentes onde estão entrelaçadas todas as dimensões do processo ensino aprendizagem, quando se pode identificar claramente, em que tendência pedagógica encontra-se o professor inserido. Diversos estudiosos da educação, através da história e hoje, procuram com suas teorias cada vez mais, identificarem as ações e posturas pedagógicas dos professores no cotidiano de sala de aula e de acordo com a ideologia predominante no processo ensino aprendizagem, desenvolvido por eles, caracterizam-no pedagogicamente, de liberal ou progressista.
        Feita esta alusão sobre o processo ensino aprendizagem, indaga-se: O que seria o ato educativo neste contexto? Esta resposta daria livros e mais livros, pois o ato educativo não se relaciona  somente  ao processo ensino aprendizagem em si, realizado comumente pelas instituições de ensino, mas ultrapassa as fronteiras do formal de sala de aula e de suas quatro paredes, indo interferir na realidade social, concreta e contextualizada dos sujeitos, participantes dele.
        Dermeval Saviani, nos diz que no ato educativo seus sujeitos sociais, professor, aluno e sociedade participam dele, cada um assumindo um papel relevante, sem que seja possível verificar onde termina e enceta-se a ação do outro. Para melhor compreensão didática, se escreve separadamente. Vejamos: Professor, no ato educativo será aquele que detém mais experiência para iniciar o processo pedagógico como também é capaz de aliar a sua prática social a prática pedagógica. O aluno é aquele que no início do ato educativo detém menor experiência, porém terá potencial para alcançar o professor e até superá-lo. A sociedade é o "locus" em que acontece todas as relações sociais e deverá ocorrer a verdadeira intervenção provocada pelo processo educativo.
        O ato educativo, conforme Saviani, possui cinco (5) passos. São eles: O primeiro será a PRÁTICA SOCIAL, onde se inicia o ato educativo e sujeitos sociais estabelecem suas relações. Os sujeitos refletem sua maneira de sentir, pensar e agir na sociedade de acordo com as relações sociais que estabelecem e ainda, conforme se inserem no modo de produção desta sociedade a que pertencem. Isto determina sua maneira de interferir sobre sua realidade. O segundo passo é chamado de PROBLEMATIZAÇÃO, aqui os sujeitos tomam consciência dos problemas existentes, verificam as carências e as prioridades a serem estabelecidas. Descortinam sua realidade. O terceiro passo é INSTRUMENTALIZAÇÃO, de posse do conhecimento da realidade percebe-se que tipos de conteúdos, métodos e técnicas dominar para, interferir na problemática da realidade levantada. O quarto momento é denominado de CATARSE. È a culminância do ato educativo, ele ocorre, quando os sujeitos envolvidos no processo educativo conseguem através daquela apropriação do saber aprendido e apreendido no processo, interferir e multiplicar o ato educativo em sua realidade transformando-a. O quinto momento é a PRÁTICA SOCIAL,  o que foi o ponto de partida terá  que ser o ponto de chegada, todavia a prática, aqui descrita  não é a prática pela prática, mas sim a prática enquanto "PRAXIS", portanto a realidade dos sujeitos sociais  do ato educativo não é mais a mesma, porque há, no concreto, uma transformação social nas relações, que os sujeitos estabelecem no seu meio, conseguindo modificà-lo.
        Concluindo, constata-se, pelo que foi dito, que nem todo processo de ensino aprendizagem  constitui-se em um pleno e verdadeiro ato educativo. O processo de ensino-aprendizagem pode converter-se em um mero instrumento de acomodação do sujeito que aprende, ao seu ambiente social, político e técnico, sem, no entanto intervir na realidade contextual existente. O ato educativo, como preconiza Dermeval Saviani, ao qual pensamento concorda-se e acosta-se o nosso, ao contrário, leva necessariamente a uma transformação das relações sociais dos sujeitos participantes do ato educativo, pela interferência que seus reflexos provocam em uma sociedade. Nesta compreensão, o ato educativo, tem sua ótica não só voltada para a formação, mas, sobretudo também, intenciona construir o homem integral radical.           
                                       BIBLIOGRAFIA

LIBANÊO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. A pedagogia crético-social dos conteúdos
São Paulo - Brasil: Ed. Loyola. 2005.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Col. Polêmicas do Nosso Tempo. 2ª ed. São Paulo-2000
KUETHE, James L. O Processo Ensino Aprendizagem. Porto Alegre: Ed. Globo, 2000.